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    Impactos de El Niño e La Niña na Agricultura | Indigo

    O El Niño e o La Niña são fenômenos que afetam as condições climáticas em várias partes do mundo. Eles são um episódio atmosférico-oceânico que acontece no Oceano Pacífico Equatorial e na atmosfera adjacente. O El Niño é o resultado do aquecimento acima da média histórica das águas da superfície do Pacífico. Enquanto o La Niña é o resultado do resfriamento anormal das águas do Pacífico, o que altera a distribuição de calor e umidade entre as várias regiões do planeta. Esses fenômenos têm um impacto significativo na agricultura, afetando o clima, a disponibilidade de água e o crescimento das plantas.

    Na agricultura, o El Niño pode resultar em períodos prolongados de seca. A falta de chuva reduz a disponibilidade de água para irrigação e afeta negativamente o crescimento das culturas, levando à diminuição da produtividade. Em contraste, outras áreas podem experimentar chuvas intensas e inundações. Essas condições excessivamente úmidas podem prejudicar as plantações, encharcar o solo e levar ao apodrecimento das raízes.

    Em contraste com o El Niño, o La Niña geralmente causa padrões climáticos mais previsíveis e estáveis em algumas regiões. O La Niña geralmente está associado a um aumento nas chuvas em algumas regiões. Isso pode beneficiar a agricultura, fornecendo um suprimento adequado de água para as culturas. No entanto, chuvas excessivas também podem causar inundações e erosão do solo e a baixa temperatura em algumas áreas pode afetar o crescimento e o desenvolvimento das culturas sensíveis ao frio.

    É importante ressaltar que os impactos dos fenômenos na agricultura podem variar de acordo com a região geográfica e as condições específicas de cada local. Os agricultores precisam adotar práticas de manejo adaptativas para lidar com as mudanças climáticas resultantes. Além disso, a pesquisa científica contínua é fundamental para compreender melhor os efeitos desses fenômenos na agricultura e desenvolver estratégias de mitigação.

     

    Esquema ilustrativo representando os fenômenos no Brasil

    Fonte: https://boosteragro.com/blog-po/o-que-e-la-nina-e-el-nino-e-como-afetam-a-agricultura-brasileira/

    El Niño

    Caracterizado por temperaturas altas da superfície do Pacífico, pode levar a condições climáticas mais secas em algumas regiões e chuvas excessivas em outras. Na América do Sul, por exemplo, esse fenômeno pode provocar secas, incêndios florestais e uma redução na produção agrícola. Já no Sudeste Asiático e Austrália, pode ocasionar chuvas, inundações e danificar culturas e a produção.

    Veja como cada região do Brasil pode ser afetada por esse fenômeno:

    •   Nordeste: menor índice de chuva e secas mais severas;
    •   Norte: redução das chuvas no leste e norte da Floresta Amazônica, com estiagens e aumento da incidência de queimadas;
    •   Centro-Oeste: aumento das chuvas durante o verão e elevação das temperaturas na segunda metade do ano, quando já faz muito calor;
    •   Sul e Sudeste: fortes pancadas de chuva e calor intenso.

    Geralmente o El Niño ocorre entre os meses de outubro a março, podendo adiantar ou atrasar. Segundo publicação do Prof. Fábio Marin, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o El Niño acontece duas vezes a cada 10 anos e tem duração de 18 meses.

    La Niña

    Já o La Niña, por ser caracterizado por baixas temperaturas na superfície do Pacífico, pode ocasionar o aumento de chuvas em algumas regiões e seca em outras. Durante esse fenômeno, o Nordeste do Brasil pode apresentar secas, que levam à perda da produção agrícola. Em outras partes do mundo, o La Niña pode causar inundações, alagamentos; e, assim, dificultar o plantio, a colheita e ainda danificar culturas.

    Veja como cada região do Brasil pode ser afetada por esse fenômeno:

    •   Nordeste: o sertão fica propenso a receber mais chuvas;
    •   Norte: aumento da intensidade da estação chuvosa na Amazônia, ocasionando cheias expressivas de alguns rios da região;
    •   Centro-Oeste: não há efeitos marcantes nas chuvas e na temperatura nessa região, mas há tendências de estiagem;
    •   Sul e Sudeste: entram em um período de frio e intensas secas.

     Fenômenos em 2023

    O fenômeno La Niña, após três anos de atuação, finalmente chegou ao fim em março deste ano, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA).

    Agora o momento é de atentar-se para a chance de um El Niño, que poderá alterar o regime de chuvas durante o segundo semestre de 2023. Uma previsão mais estendida dos modelos climáticos internacionais, divulgada pelo Inmet, aponta para um aquecimento significativo das águas em toda a bacia do Pacífico durante o inverno, dando início às condições de formação do fenômeno El Niño.

     Estratégias para o agricultor

    Um estudo da Embrapa mostra que o agricultor, diante do conhecimento da probabilidade dos fenômenos La Niña ou El Niño, não deve se alarmar. O indicado é que ele se previna e adote medidas seguras e bem pensadas para enfrentar as intempéries.  A seguir:

    • procurar informações sobre o fenômeno El Niño/La Niña;
    • saber quando ele ocorreu nos últimos tempos;
    •     tomar conhecimento sobre os tipos de condições climáticas e eventos meteorológicos extremos que ocorreram na sua região durante os eventos El Niño/La Niña anteriores;
    • ter claro como foi afetado pelo último El Niño/La Niña;
    • discutir com amigos e colegas de profissão os possíveis impactos do El Niño/La Niña nas diferentes estações (épocas) do ano;
    •     dominar alternativas de resposta para os possíveis impactos climáticos;
    • identificar as alternativas de reação que pode fazer sozinho e com meios próprios;
    •   listar as alternativas de reação para as quais depende de auxílio de terceiros (privado ou governamental);
    • esperar, sempre, por atualizações futuras (algumas semanas) do progresso do El Niño/La Niña;
    • embasar-se em informações do serviço meteorológico oficial. No caso do Brasil, ficar atento aos boletins do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), por exemplo.

    O estudo da Embrapa também forneceu informações/recomendações gerais para situações com chuvas acima do normal:

    • começar a semeadura no início do período recomendado, particularmente no caso de áreas grandes;
    •   deixar a estrutura para a semeadura preparada. Realizar limpeza, regulagem e reparos em máquinas e deixar os insumos disponíveis para, quando o tempo permitir, desencadear a operação;
    •   não semear com o solo exageradamente úmido. Evitar o risco de compactação e degradação da estrutura do solo. Apesar das chuvas abundantes, há períodos de sol suficientes para a semeadura, durante o período recomendado;
    •   obedecer esquema de rotação de culturas, pois em ano de alta umidade, o ambiente é favorável para o desenvolvimento de doenças;
    •   escolher cultivares resistentes às principais doenças fúngicas que ocorrem na região;
    •   preocupar-se com a sanidade e com o tratamento de sementes;
    •   eleger cultivares não suscetíveis ao acamamento;
    •   cuidar com a adubação nitrogenada em cobertura. Nos anos de muita chuva, a lixiviação de nitrogênio (N) é grande e os sintomas de deficiência de N ficam evidentes;
    •   evitar o uso de áreas sujeitas a inundações prolongadas;
    •   realizar a colheita tão logo o produto tenha umidade adequada para a operação, evitando a chance de perdas quantitativas e qualitativas pelas chuvas frequentes;
    •   adotar o Sistema Plantio Direto, em função das características de conservação do solo e da praticidade da operação de semeadura.

    E para situações de chuvas abaixo do normal:

    •   descompactar o solo;
    •   mobilizar o solo o mínimo possível, por ocasião do preparo;
    •   dar preferência ao Sistema de Plantio Direto;
    • não utilizar população de plantas superior ao recomendado para a cultura;
    • escalonar as épocas de semeadura e/ou plantio, utilizando cultivares de ciclos diferentes;
    • implantar as culturas sob condições de umidade e temperatura de solo adequadas;
    •   evitar o esvaziamento de barragens/açudes;
    • racionalizar o uso da água e irrigar quando necessário, preferencialmente nos períodos críticos;
    • observar o Zoneamento Agrícola (começar a semear no início do período recomendado e escalonar épocas de semeadura com cultivares de diferentes ciclos);
    •   utilizar cultivares com sistema radicular mais profundo;
    •   aumentar o estoque de forragens na propriedade, seja no campo, através do ajuste de carga (aliviar a carga animal) e do diferimento de potreiros desde o final do inverno, quando possível; seja via forragens conservadas (feno e silagem);
    •   antecipar o plantio/semeadura das forrageiras cultivadas de verão, dentro da possibilidade de cada uma, e utilizar mudas/sementes de alto vigor;
    •   procurar manter uma boa cobertura do solo;
    • realizar a semeadura um pouco mais profunda e o uso de sulcadores, que podem auxiliar as culturas a aprofundar o sistema radicular e, consequentemente, explorar um maior volume de solo, ter à sua disposição uma maior quantidade de água armazenada no solo; o que pode ser importante para superar períodos curtos de estiagem.

    Em suma, O El Niño e o La Niña são fenômenos climáticos que podem impactar a agricultura no mundo todo. O importante é que os agricultores estejam cientes dos fenômenos e adotem medidas de prevenção e adaptação a fim de amenizar os efeitos das mudanças do clima sobre o cultivo.

    http://enos.cptec.inpe.br/

    https://blog.climatefieldview.com.br/el-nino-la-nina-agricultura#:~:text=Impactos%20causados%20nas%20lavouras%20brasileiras,%2C%20em%20alguns%20casos%2C%20beneficiadas

    https://globorural.globo.com/Noticias/Tempo/noticia/2018/10/el-nino-e-la-nina-efeitos-no-clima-e-na-agricultura.html

    https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/clima/343282-noaa-confirma-fim-do-la-nina-e-aponta-para-60-de-chance-de-el-nino-no-inverno-do-brasil.html#.ZFktMHbMI2w

    https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3361787/mod_resource/content/1/Aula8_Circulacao_Atmosfera.pdf#:~:text=A%20dura%C3%A7%C3%A3o%20do%20El%20Ni%C3%B1o,2%20anos%20at%C3%A9%20uma%20d%C3%A9cada